domingo, 25 de marzo de 2012

ausencia


Antonio Tabucchi escribe en L’Unità un artículo (La voce, quel che resta alla fine dell'amore, un hermoso título) en el que habla de Questo amore, el libro (¿una novela?) que acaba de publicar Roberto Cotroneo. Y allí, como homenaje a los lectores de la novela -y a los del diario- deja la traducción al italiano de A um ausente, un poema de Carlos Drummond de Andrade. Era el 4 de marzo de 2006.
Manuel Rivas escribe hoy, en EL PAÍS, una columna (Saudade) que habla de Tabucchi, donde dice de él que era 'un hombre rebelde, escritor piel roja, y por eso amaba el mundo, la gente de las "voces bajas", y entendía muy bien la saudade como una nostalgia afectuosa'. Habla en pasado: Era -dice-, porque es ya ausencia. Y la saudade tiene siempre que ver con lo que ya no es.


A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste

(* una traducción al español, aquí).

No hay comentarios:

Publicar un comentario

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...